Uma vez me
perguntaram se eu estava feliz com as coisas do jeito que eram. Lógico que quis
saber a que a pessoa se referia. Se era à família que estava cheia de intrigas,
mas que todos diziam se amar; Se era ao trabalho que não poderia estar mais
monótono; se era à vida amorosa que parecia não ir a lugar algum; se era a
situação econômica que não dava sinais de que iria melhorar tão cedo; se era a
situação política do país que estava pior que a econômica... Continuei
perguntando, esperando a pessoa dizer que tipo de resposta ela queria – com o tempo, percebi que na maioria dos casos, elas não se importam realmente,
mas nem isso seria capaz de me fazer ficar quieta – até que ela começou a aparentar
estar perdendo a paciência, então decidi me calar. Nisso, ela pareceu irritada com todas as minhas indagações e disse q era uma simples pergunta de “sim ou
não”.
“Sim ou não”.
Tão simples, tão fácil. Fiquei me perguntando como é possível terem coragem de
definir tudo com palavras tão pequenas. A vida não é um mero preto no branco,
então por que minhas respostas também deveriam ser? Foi isso que me fez pensar no porquê de as pessoas estarem tão infelizes. Elas generalizam demais. Dizem
que mulher complica muito as coisas, que não conseguimos nem entrar em uma loja
sem passar horas para decidir o que quer. Tudo bem que as vezes é exagero, mas
não é questão de complicar, e sim analisar todos os ângulos antes de tomar
alguma decisão.
A pessoa ainda
estava esperando uma resposta, por isso, decidi-me pelo “não”. Para que dizer
que estava sim feliz com tudo, quando não é verdade. Sei que seria bem menos
trabalhoso, mas nunca me pergunte nada se não espera obter uma resposta sincera.
Ela ficou me olhando, como se eu fosse esquisita ou tivesse algum problema –
não deve estar acostumada a ver alguém falando a verdade. E logo em seguida veio
o diálogo mais interessante, para não dizer outra coisa, da minha vida:
— Mas por
que você diz não?
— Ué,
porque é a verdade.
— Mas por
que? O que te faz achar que não está feliz?
Senti-me
conversando com uma criança, mas respirei fundo e respondi.
— Porque eu
sei que as coisas podem melhorar.
— Como pode
ter certeza de que há a possibilidade de melhora se você não conhece nada de
diferente?
— Só porque
ainda não foi me apresentado algo novo tenho que me contentar com o que está
ruim?
— É o
lógico, não é?
— Não, é
idiota.
Depois
disso, pedi licença e fui embora. Não queria continuar conversando com alguém
com a mente tão limitada. Sou a favor de mudanças, da busca por novas
possibilidades. Não quero estar presa àquilo que me vendem como bom. Quero
descobrir eu mesma o que me faz feliz. Se meu coração diz que as coisas podem
ser melhores do que aquilo, eu deveria ouvir. Por que não ouviria? Quem, além
de mim, sabe o que é o certo para mim mesma? Continuei andando pelo meu caminho
e me perguntando quantas outras pessoas possuem a coragem de dizer “não” para
perguntas daquele tipo.
Por: Neilly Lucy
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