Talvez eu esteja indo contra a
maré. Talvez esteja sendo diferente do que o padrão manda. Talvez esteja
fazendo – ou melhor, não fazendo – tudo o que uma garota de 19 anos não devia
fazer, de acordo com outras pessoas da mesma idade e com os mais velhos que
sonham em voltar no tempo.
Na roda de amigos, sou aquela que
não tem histórias mirabolantes sobre todos os caras com quem já ficou ou que
não sabe até hoje o que é encher a cara e quase desmaiar no meio do povo. Nas
reuniões de família, sou a taxada de quietinha, a que precisa aproveitar mais a
vida, ter várias e várias histórias vergonhosas para contar no futuro.
Mas quer saber, eu não me
importo. Não ligo de não estar exercendo meu direito de beber a noite inteira, voltar para casa com lembranças do bonitinho com quem dancei e de quem
provavelmente não sei o nome, e que mesmo se soubesse, nunca mais vai me
procurar. Não ligo de ser a quieta, de ser a que não “curte a vida”. Eu sei me
divertir, apenas faço isso do meu jeito.
Gosto de ficar sexta à noite em
casa com meus livros ou de sair com um grupo de amigos para dançar e conversar.
Não tenho interesse em sair por aí, beijando um a cada dia e depois tendo que
voltar para casa com a minha própria solidão, pois o dito cujo provavelmente
nem sequer vai me acompanhar até a saída. Gosto de ter alguém ao meu lado.
Alguém para quem possa mandar mensagem avisando que cheguei bem em casa, mesmo
que esse alguém seja minha melhor amiga. Gosto de estar rodeada de quem realmente se
preocupe comigo, quem se importe e me queira bem.
Não vou ser hipócrita e dizer que
nunca fiz nenhuma dessas coisas nem afirmar que nunca mais farei. Também não vou
criticar quem gosta de levar a vida assim, “livre”. É só que essa não sou eu. Para mim, isso não
é ser livre, é ser solitário. Não sei viver dessa forma. A diversão de uma
noite não compensa todos os outros momentos em que estarei só, eu e o imenso
nada ao redor.
Por isso que continuo aqui,
rodeada de amigos que esperam até o momento que entrei em casa, para ter certeza
de que não vai aparecer nenhum maluco na rua e que perguntam no dia seguinte se
meus pais repararam nos efeitos das duas doses que tomei. Continuo aqui
marcando de ir para cozinha de alguém de tarde e tentar receitas novas ao som
de alguma música, para depois comer enquanto assistimos a um filme. Continuo aqui marcando de ir a lugares que não vão dar em nada, mas que vou do mesmo jeito apenas pelo prazer da companhia de pessoas queridas.
Então não diga que minha vida é
chata ou sem graça, que não estou sabendo aproveitar o momento, que estou
deixando minha juventude ir embora sem saber o que é ter vivido. Eu gosto
assim, sou feliz assim. Posso afirmar que não estou perdendo nada. Pelo contrário,
estou aproveitando da forma que acho melhor. Se quiser me acompanhar, ótimo. Se
não, espero que seja feliz do seu jeito.
Por: Neilly Lucy
[Imagem retirada da internet]
0 comentários:
Postar um comentário